Tópicos de “A Premissa Revolucionária” – da Introdução e do Capítulo I de “A Terceira Onda”, de Alvin Toffler, 1980
Uma nova civilização está emergindo. Traz consigo novos estilos de famílias, modos de trabalhar, amar e viver.
Uma nova economia, novos conflitos políticos, e além disso uma nova consciência. A alvorada desta nova civilização é o fato mais explosivo de nossas vidas. A humanidade enfrenta um salto que traz um modo de vida genuinamente novo. Desafia todas as relações de poderes, privilégios e prerrogativas. É altamente tecnológica e anti-industrial, baseada em fontes de energia renováveis, novos métodos de produção, famílias não-nucleares, com escolas e organizações radicalmente modificadas.
Tudo isto deitará por terra as burocracias, reduzirá o papel do estado-nação e irá gerar
economias semiautônomas. Exigirá governos mais simples, mais efetivos e mais democráticos do que qualquer um conhecido hoje.
Acima de tudo, a nova civilização começará a cicatrizar a ruptura histórica entre o produtor e o consumidor, gerando a economia do “prossumidor”. Com alguma inteligência poderá resultar na primeira civilização verdadeiramente humana.
A responsabilidade das mudanças está em nós – começando por nós mesmos – abrindo nossas mentes às inovações, novidades e ao aparentemente radical. Significa lutar pelo direito de expressão de ideias, mesmo que sejam heréticas. Baseamo-nos no que chamamos “premissa revolucionária”.
As décadas à frente, embora repletas de sublevações, turbulência, até talvez de violência generalizada, não nos destruirá totalmente. A premissa pressupõe que as mudanças que estamos experimentando agora não são fortuitas, mas formam um padrão vivo e discernível. Estas mudanças são cumulativas e contribuem para uma gigantesca transformação da maneira como vivemos.
O que está acontecendo é, nada menos, do que uma revolução global, um salto de um “quantum” na História. Somos a última geração de uma velha geração e a primeira de uma nova geração e, muito dessa confusão, angústia e desorientação pessoal pode nos levar diretamente ao conflito que existe dentro de nós e dentro das instituições políticas, entre a civilização da Segunda Onda e a nascente civilização da Terceira. Quando, finalmente, entendermos isto, eventos aparentemente sem sentido se tornarão subitamente compreensíveis.
Em suma, a “premissa revolucionária” libertará o nosso intelecto e a nossa vontade.
Entretanto, dizer que as mudanças que enfrentamos são revolucionárias não é suficiente.
Para podermos controlá-las e canalizá-las, precisamos de novas maneiras de identificá-las e analisá-las. Sem isto estaremos desesperadamente perdidos.
A questão básica não é quem controla as organizações agora, mas quem modela as novas.
Enquanto escaramuças políticas de curto alcance esgotam nossa energia e atenção, uma batalha muito mais profunda ocorre sob a superfície.
De um lado os defensores do passado e do outro, milhões que já reconhecem que os principais problemas do mundo tem relação direta com: alimentação, energia, controle de armas, população, pobreza, recursos naturais, ecologia, colapso urbano, necessidades de trabalhos produtivos e compensadores - os quais não podem ser resolvidos dentro das antigas estruturas.
Em uma época de mudanças explosivas – com vidas pessoais desorientadas e a ordem social se fragmentando – fazer perguntas profundas sobre o futuro não é apenas curiosidade intelectual. É uma questão de sobrevivência.
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